sexta-feira, 5 de junho de 2009

A volta dos que não foram.

É uma droga de uma noite chuvosa, o corinthians jogando e eu aqui andando no mato, eu estou andando na chuva a uma meia hora e não chego a droga do lugar. Eu odeio florestas, a minha única forma de orientação é um mapa; que foi desenhado por um louco e provávelmente não me levará a lugar algum. Fico pensando por que diabos eu entrei nesse negócio de polícia? Nos filmes sempre é mais legal. Eu ficava vendo “Corra que a polícia vem aí”, eu me imaginava no lugar do Lelie Nilsen, no 33 1/3. Cerca de três anos atrás houve um crime, ou não, o que sei é que a mulher de um judeu sumiu; eu tô andando no mato atrás do suposto túmulo da suposta assassinada. Quem a assassinou? Vocês não vão acreditar, no começo o pobre judeu chorava feito uma criança, uivava pra lua, tinha pesadelos e coisa e tal, viajou boa parte do país atrás de pistas, provas, corpos, fantasmas, no começo a polícia até preocupou com a “vítima”, até ouvir o depoimento dos vizinhos e averiguar que provavelmente a fulana tenha fugido com um ex-seminarista anglicano; que comparecia muito a casa dela (se é que vocês me entendem) para “aconselhar”, esses padres são um bando de safados, bem pelo menos esse pegava mulheres, uns dias atrás ouvi falar num caso dum padre que mesmo depois de ter ensinado as criançinhas o sentido da vida (pra quem não sabe o sentido da vida é horizontal) ainda conseguiu ser perdoado e voltar para a mesma igreja, imagino ele abrindo a missa de domingo “Bom dia querida igreja! Queria agradecer pela presença de todos aqui hoje e aproveitar para pedir perdão as mães pelo incidente da semana passada com as criançinhas do coral...”, que bagunça do caramba, eu estou com os sapatos cheios de lama e pelo visto não vou chegar a lugar nenhum. Voltando a história, agora depois de três anos o tal judeu reapareceu com uma estória de que a mulher o traía; daí num certo sábado, como ele não tava fazendo nada mesmo, matou a vadia, trouxe ela até aqui nesse fim de mundo, fez um buraco e a enterrou; sempre fiquei imaginando como diabos esses judeus aguentam ficar um dia inteiro sem fazer nada? Como dizia minha sábia vizinha, Dona Matilde; que Deus a tenha, “Mente vazia é oficina do capeta”. Pelo mapa eu devo estar a uns oito passos do xis. Mas que droga é essa? Parece que realmente tem uma cova aqui. Droga! Vou ter que cavar, é bom que realmente haja um cadáver aqui, porque se eu encontrar uma bosta de uma boneca inflavel vou ficar muito puto! O psiquiatra diz que o rabino tá com algum complexo de culpa que gerou um lance de esquizo-num-sei-o-quê, dizem que o cara surtou a tal ponto de ter personalidades multiplas a até a suas pseudo-personalidades terem personalidades multiplas, pelo menos ele não se sente mais sozinho, aliás isso tudo deve mesmo ser culpa dele, afinal o cara num passa de um bundão. Que droga de polícial eu sou, é quarta a noite, o corinthians jogando e eu aqui fazendo o serviço de um coveiro, eu tenho pensado em entrar no ramo dos alimentos, talvez assim eu encontre algum tipo de emoção, a porra da minha arma até hoje num sabe qual é gosto dum disparo, a não ser no ano novo quando a gente fica atirando pro alto pra se mostrar pra gurias. Eu cavo, cavo, cavo e acho algo,um esqueleto, um cadáver, é, o filho-da-puta do judeu realmente matou e enterrou alguém aqui, mas não é a esposa-vadia-fugitiva, é o pobre pastor-alemão da família.

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