terça-feira, 9 de junho de 2009

Deserto freezer


Ele era o tipo solitário, mas não por isso anônimo, aliás, ele era muito conhecido e procurado, considerado talentoso, era o melhor no que fazia. Mas era em meio as multidões onde ele mais se sentia só, ele era o tipo caladão, de expressão quase que sempre sisuda, muitos pensavam que ele era o tipo cruel ou frio, sua voz esbanjava puro sarcasmo, suas atitudes eram as mais sagazes possíveis. Seu nome era Sr° L; pelo menos assim que era conhecido, reza a lenda que nem mesmo ele se lembrava como era seu verdadeiro nome.
Manhã de segunda-feira, Sr° L ainda dormia. Seu quarto refletia a desilusão e o cansaço de sua alma, seu violão jazia em um canto, há muito não soava um acorde, em uma mesa um monte de papéis que um dia devem ter representado algo, em um caixote uma porção de livros a maioria ainda nem foram lidos. Batidas desesperadas contra a porta perturbam o sono do Sr° L. Ainda com os cabelos ouriçados e apenas de cuecas ela abre a porta da velha choupana onde vivia, na varanda estava o banqueiro, Sr° Carrer, se debulhando em lágrimas, junto a ele se encontravam alguns capangas muito mal encarados, o banqueiro se ajoelhou e aguarrou as barras da cueca do Sr° L e começou a baubuçiar : “Por favor, você é o único que pode me ajudar, não diga não, eu pago bem, diga qual o seu preço....”. Então o Sr°L o interrompeu abruptamente : “Com que diabos! Cê tá louco homem? Do que cê tá falando?”. Após soluçar e tremular um pouco o banqueiro finalmente consseguiu pronunciar palavras precisas : “Minha filha, minha filha estava vindo da capital, não sei como descobriram mas o bando do maldito Mc Fly a pegou, enviaram um mensageiro com o seguinte recado “Envie três carruagens com todo o dinheiro que há no seu banco, enviarei um pedaço de sua filha a cada dia de demora. Ass: Mc Fly”. Tais palavras foram suficientes para despertar o entendimento do Sr° L, que então pensou “Um serviço sujo pede um assassino sujo para executá-lo ”. Sem mais delongas ele respondeu : “Eu aceito o serviço”. Se virou, vestiu as calças, apanhou uma camisa, um casaco, calçou as botas, pôs as rosetas, pôs o cinturão, carregou e enbainhou as pistolas, que totalizavam oito, duas vinham em coldres nas costelas, quatro iam na cintura, e uma amarrada a cada calcanhar, pôs o chapéu cuspiu no chão e disse : “Pra onde eles a levaram?”.
Duas horas mais tarde ele já se encontrava em meio ao deserto, ia montado em seu mustangue, um cavalo que ganhara de um velho apáche. Sr° L nunca acreditou muito em magia e coisas do tipo mas naquele momento por alguma razão icógnita estava se lembrando exatamente das palavras proferidas pelo velho feitiçeiro apáche : “Lobo do deserto, sua vida sempre foi e sempre será solitária, você é um homem sem nome, sem passado, sem família, sem raça, a única certeza que tenho a seu respeito é que é um homem de muita coragem e que nas suas veias corre o sangue dos meus antepassados. Homem pardo você morrerá da pior forma possível, mas antes que isso aconteça você finalmente encontrará o que procura no mundo!”. Perdido em seus pensamentos Sr° L quase se esqueceu para onde estava indo, já era noite, parou, botou o cavalo para beber um pouco d’agua e descançar, acendeu uma fogueira, assou um rato com o entusiasmo de quem assa um pavão, fumou como se fosse a primeira vez em muitos anos, bebeu como quem se deleita em mel, tocou sua gaita sentido-se Mozart e deitou-se sorridente. Logo começou a pensar e se questionar por quê tanta alegria? Nem mesmo ele sabia por que tanta alegria. Então deu de ombros e dormiu.
Enquanto o sol rastejava para dentro da pequena vila South Haw, Sr° L já cavalgava por entre as vielas, de cabeça baixa, como quem passa foragido ou tímido, deixou seu cavalo em frente ao saloom que apresentava o maior fluxo de pessoas vulgares. Ao entrar no local iniciou-se um breve silêncio, como é de praxe nos saloons quando um forasteiro aparece, mas logo o piano voltou a tocar e as protitutas voltaram a sorrir. Sr° L caminhou até o balcão, logo o barmam dirigiu-se até ele : “Posso ajudá-lo senhor?”. Com uma voz seca Sr° L respondeu-o com outra pergunta: “Você sabe onde estão Mc Fly e seu bando?”. O barmam estatelou os olhos e disse: “Por favor, eu não quero me meter em problemas.”. Com um sorriso malévolo Sr° L disse : “Então me tráz um copo de leite morno!”. O barmam assustou-se mais ainda e disse : “Que...que...como disse senhor?!”. Então o Sr°L gargalhou e disse : “Foi uma piada. Me Traz algum vinho barato e um cinzeiro”. Por um instante Sr° L olhou ao redor e viu numa dada mesa alguns tipos bem estranhos torrando um bocado de grana com póquer , bebidas e prostitutas. Acendeu um cigarro pegou sua garrafa de vinho e foi ao banheiro, o banheiro apresentava-se vazio e a única coisa que o espelho do banheiro refletia era a cara embriagada do Sr° L. Voltando do banheiro dirijiu-se com uma certa truculência até a mesa onde estavam os esbanjadores, com a garrafa de vinho, já vazia, acertou um dos homens, estilhaçando cacos por todas as partes e arrancando gritos das mulhres, com o caco que restou junto a boca da garrafa ele cavou uma vala no pescoço dum outro cavalheiro que estava a mesa, logo em seguida puxou uma arma que carregava no cinturão, do lado esquerdo, e disparou contra o rosto de um terceiro homem, ao mesmo tempo sacou a arma que se encontrava no coldre direito do cinturão e apontou para o único homem vivo que restara.
Ainda eram 7 da manhã e Mc Fly tomave seu café da manhã só de pijama, uma bela mesa com café, leite, ovos mexidos com bacon, pão e manteiga. Mc Fly era o tipo mórbido, sua expressão se assemelháva a de um bulldog, já de meia idade, com seus 50 anos era o bandido mais temido do velho oeste. Depois de um longo intervalo silencioso e tranquilo uma série de disparos dissipa a paz que parecia imaculável, Mc Fly dá um pulo da cadeira onde estava sentado, pega seu coldre de armas e lança seu olhar para a janela que dava para rua, era possível ouvir o reboliço no prédio do outro lado da rua, era possível ver homens voando pelas janelas, então como numa cena cinematográfica um homem de pele parda pula atravéz da janela mais alta do tal prédio caindo no telhado vizinho. As exêntricidades não se limitam por ai, o homem que saltava pela janela carregava em suas costa uma moça, para o espanto de Mc Fly a tal moça era exatamente a filha do tal banqueiro, sim, era Lady Ane Carrer.
Sr° L, corria pelos telhados da cidade, enquanto carregava Lady Ane nas costas e atirava contra todo o tipo de gente que aparecia. Era inacreditável como apareciam armas nas sacadas, as balas estavam por todos os lados, nesse momento era quase impossível raciocinar, mas o Sr° L ainda tinha um plano, após saltar varios telhados e matar varios homens, ele voltou ao telhado do saloom, onde encontrou aqueles capangas jogadores, entrou pela janela superior, desceu a escadaria e saltou para os fundos do estabelecimento, assobiou e seu mustangue logo apareceu. O Sr° L jogou a moça com toda a delicadeza possível sobre as costas do animal, montou e saiu galopando exigindo do mustangue toda a potência que a natureza lhe proporcionara.
Por alguma razão não saia da mente do Sr° L o momento em que entrara no quarto onde estava cativa Lady Ane Carrer; ela estava sentada num canto, apavorada com a barulheira das balas e de toda aquela confusão, ele reparou que nas mãos da moça havia um livro que lhe era familiar, um dos livros de William Blake, sobre sua cama haviam alguns desenhos inusitados, alguns esboçavam flores outros apenas mãos, a pobre dama parecia em estado de choque, ele olhou fixamente em seus olhos e disse : “Eu vim te buscar”. Lançou a garota nas costas e saltou a janela.
Já no deserto, Sr° L cavalgava em desespero, Mc Fly e seu bando vinham o seguindo, disparavam em sua direção de forma totalmente casual e aleatória sem se preocuparem em quem acertariam. A moça parecia apavorada, mas nem se quer esboçava um grito, ela apenas olhava fixamente nos olhos do Sr° L, ela o olhava de uma forma que dispensava palavras, como diz uma certa poetisa “as vezes o silêncio se torna também um idioma”, o tempo era curto e não havia muito que podia ser feito, então uma idéia veio a mente do Sr° L, ele se lembrou de uma forma de se safar de toda aquela embrulhada.
O trem carvoeiro era a única locomotiva que passava naquela região, o Sr° L sabia que se se apressasse poderia pega-lo e dessa forma ir até um local seguro. Seu mustangue já estava cansado e uma de suas patas sangrava em decorrer de um ferimento á bala, mas bem longe era possível ouvir o apito do trem que lhes traziam forças para continuar. Sr° L sabia que não estava longe e que chegaria a tempo, o bando de Mc Fly estava na sua cola, atráz cerca de uns cinquenta metros. Agora o trem já se mostrava próximo, Sr° L em um golpe de sorte consseguiu atravessar os trilhos saltanda arriscadamente pela frente da locomotiva de forma que ficou protegido atraz da enorme estrutura metálica dos vagões, nesse momento olhou para a moça ,não foi preciso dizer nada, a moça pulou para dentro de um dos vagões, logo em seguida o Sr° L também, após estarem os dois dentro do trem o Sr° L estendeu a mão chamando seu mustangue, mas o pobre animal mal conseguia galopar quanto menos pular para dentro da locomotiva. Sr° L olhou para Lady Ane e novamente não foram necessárias as palavras, seus olhos diziam “Eu não posso continuar sem meu mustangue”, então Sr° L pulou na garupa do cavalo, Lady Ane lançou-lhe um olhar como que dizendo-lhe “Ainda nos veremos?”, Sr° L respondeu apenas com os olhos “Espero que sim”.
O mustangue cansado diminuiu a marcha e logo parou, Sr° L observava o trem com uma estranha sensação que finalmente havia encontrado o que tanto procurava na vida. Um assobio cortou o ar; era o assobio do destino, Sr° L voltou-se a cabeça em direção ao som. Á uns 10 metros de distancia estava Mc Fly com sua enorme pistola, apontada direto para o Sr° L, o puxar do gatilho fez o CLECK mais longo já escutado pelo Sr° L, a fumaça da pólvora espalhando-se pelo ar lembrou-lhe dos fogos de ano novo, a bala vinha em sua direção, lenta, quase parando, nesse momento o Sr° L pôde lembrar-se finalmente seu nome, pôde lembrar-se que teve uma família, uma esposa, filhos, uma profissão. O projétil de chunbo penetrou a uma temperatura infernal na cabeça do Sr° L; espalhando seus miolos pelo ar e estirando seu corpo nos trilhos do trem, libertando sua alma para finalmente descançar em paz.
----------------------------------------------------------------------------------
GAME OVER
----------------------------------------------------------------------------------
- Droga!!! Porra de video game! Por quê eu nunca consigo passar dessa fase?!!!
----------------------------------------------------------------------------------
JOGAR DE NOVO?
SAIR DO JOGO!
----------------------------------------------------------------------------------
JOGAR DE NOVO....

Nenhum comentário:

Postar um comentário