domingo, 8 de novembro de 2009

As duas fases do álcool em uma determinada pessoa


O, C2H5OH, álcool etílico, é o elemento mister na preparação de qualquer composto de cunho alcoólico, que seja próprio para o consumo à seres humanos. O álcool causa efeitos diversos, em seres humanos diversos, aflora desde a tristeza mais recôndita até os desejos mais orgiáticos que possam haver em uma pessoa. O seu consumo, á longo prazo e em quantidades demasiadas, pode causar uma série de seqüelas, muitas irreversíveis, tais como: perda de memória, falta de concentração, e a perda da capacidade de assimilar novos conhecimentos. Ainda, pode causar cirrose, e também levar a morte por ser o propulsor de algum acidente.

Os 10 primeiros minutos:
Lá está ela, sentada, naquela mesa, num café no centro da cidade. Ela é o tipo de pessoa que sabe se sair bem em uma conversação. Educada, refinada, informada. Mas nada com excessos, nem por falar demais, ou achar demais, ou se impor de mais. No fim é alguém agradável para se conviver. Sempre bastante discreta quanto aos sentimentos, pensamentos, planos e idéias. A menos que você consiga dardear seu coração e ganhar sua confiança, entrará e sairá do cinema como quem não entendeu o filme. Mas como sempre digo “Nada melhor do que a Lager pra fazer uma mulher falar”. Eu aqui sentado, na cadeira que se encontra do lado oposto ao dela na mesa. “Duas Lagers, por favor?”, eu sei que é a sua cerveja favorita, e sei que não é preciso mais que uma garrafa para deixá-la a vontade. Peço-lhe um cigarro, “Um F. F.”. É agradável, do primeiro ao último trago. Eu apenas a observo, falo pouco, algumas piadas, então chega a Lager. Um, dous, três, quatro, cinco goles da cerva, e ela olha pro lado esquedo, como quem vai pór a mão na testa, sorri. Um sorriso engolido, quase aprisionado. Eu automaticamente sorriu também. Então, começa a sessão do riso. Eu mando um “Haha” de cá, ela responde com um “Hum hum” de lá. Em um momento ,constrangedor confesso, eu digo que estou com frio, ela me empresta seu casaco, que não fica nada bem em mim, é muito justo, ela fotografa a cena, que entrará para os anais das piadas de sábado, eu paraço um pseudo-clodoviu, isso sim. E por ai vai a conversa. Os devaneios começam a se aflorar, os planos começam a serem revelados, os amores bem ou maltratados, e os sentimentos verbalizados, em forma de palavrões. Ela continua e engolir sorrisos. São quatro da tarde. Chove bastante. Ela continua a engolir sorrisos. Eu me levanto e digo “Vou a toilette”.

Os dez minutos seguintes:

Eu fico parado no banheiro, me adimirando no espelho imaginário, e penso comigo mesmo “Gostaria que a Natacha estivesse aqui”. De retorno a ala de fumantes, encontro a senhorita Miranda, olhado o nada, e me olhando ao mesmo tempo, pelo menos é essa impressão que me causou, ela carrega uma expressão que eu gosto de chamar de “Cara de Marlon Brando”. Antes mesmo de me sentar, pergunto “Por que essa cara de Marlon Brando?”. Ela responde “Não é cara de Marlon Brando. É cara de desespero”. Eu retruco “Pra mim é cara de Marlon Brando”. Ela lança seu zap na mesa “Então acho que todos tem cara de Marlon Brando!”. Eu olho para baixo, e fico pensando. No quê? Eu realmente não sei. Ela olha para o lado esquerdo e fica pensando. No quê? Eu realmente não sei. A conversa daí pra frente soa avulsa, sem sentido, nexo. Apenas palavras ao vento. Ela por instantes parece não estar mais ali, então como um meteoro cai direto nos meus olhos com seus olhar de boneca de porcelana. Nesse dado momento é que reparo o quanto seu olhar é inquietador, reparo a reentrância que tem no nariz. Os sorrisos foram todos soltos. Agora parece que ela engole o desespero, e engole bem. Talvez esse seja o jogo do “Chupa e engole”, só que versão freudiana, com um pouco de Lager. Ela diz que não consegue beber mais. Eu finalizo sua Lager. O cinzeiro, em forma de xícara de madeira, já transborda com a inumérie de quimbas. Eu a olho, ela me olha, eu digo “Acho que é hora de irmos embora, já são cinco”. Ela continua o árdua tarefa de engolir desespero. Que para mim é tão doloroso quanto engolir espadas. Chove mais agora. Ela continua a engolir desespero.

Um comentário:

  1. pena q eu tenho um refluxo meio viceral.
    os desesperos sao engolidos...logo voltam ..
    vao e voltam .
    merda
    t adoro ^^

    PERFEITO o nosso dia ALVANA :]

    ResponderExcluir